Importante símbolo de luta pela memória dos horrores da ditadura militar no Brasil, Eunice Paiva tornou-se reconhecida mundialmente (sim!) após ser interpretada de forma magnífica pela Fernanda Torres no longa Ainda Estou Aqui. Com uma história de vida marcante entre dores e conquistas, seu mapa natal mostra com clareza a situação que viveu com sua família dentro de um contexto de repressão, além do seu ativismo pelos direitos humanos, em especial dos desaparecidos e dos povos indígenas.
Sagitário era o signo que se apresentava no leste quando Eunice Paiva veio ao mundo. Nele, encontramos Saturno, um astro que mostra grandes fardos a serem carregados pelo próprio nativo quando se encontra na primeira casa. Não só isso, Saturno define os modos de Eunice: retido como quem mede o que vai expressar, comprometido com uma causa que a move, capaz de usar os obstáculos como propulsão. Júpiter, regente do Ascendente, está retrógrado em Gêmeos na 7: energia concentrada em buscar interminavelmente seu esposo. Ainda assim, não permitiu que lhe tirassem completamente a leveza.
Sorriam, nós vamos sorrir, diz Eunice.
Além do Saturno no Ascendente, há uma aglomeração de planetas em Escorpião na casa 12 - das prisões e desaparecimentos -, com destaque para Mercúrio que rege a 7 e dispõe o Júpiter em Gêmeos: Eunice foi presa porque, em primeiro lugar, o seu marido (Rubens Paiva) foi preso. No interrogatório, ela descobriu que Rubens apoiava grupos que lutavam contra a ditatura.
Ora, Escorpião é um signo mudo, portanto caracteriza os segredos de Rubens, ainda mais na 12. Além disso, Mercúrio está próximo ao Nodo Sul, um ponto de aflição. Aqui cabe dizer que a lunação pré-natal (SAN) de Eunice Paiva foi, inclusive, um ECLIPSE solar em Escorpião na 12! O enredo de sua vida e de seus próximos girou em torno do cárcere, inimigos, ocultação, exílio (antes de ser preso, Rubens teve que passar um tempo fora do Brasil), falta de respostas, tortura e afins.
Marte rege, nessa carta, a casa 5 e a própria 12. Conecta o tema dos filhos (que eram cinco, uma vez que Escorpião é super fértil) aos traumas: uma filha foi presa, outra morou um período na Inglaterra sem saber de nada, outro viria a ficar tetraplégico após um acidente num açude. Águas perigosas e turvas. Marte está ofuscado pelo Sol na 12, mas ainda assim sobrevivente, pois está domiciliado.
Como é típico dos signos mutáveis no Ascendente, como Sagitário, Eunice resolveu dar uma guinada em sua vida, deixando o Rio de Janeiro e voltando, com seus filhos, para a cidade onde nascera: São Paulo. Mais uma vez, Júpiter retrógrado regendo o Ascendente e a casa 4 (lar). A partir de então, começou a estudar Direito e, depois de formada, liderou campanhas pela abertura de arquivos sobre vítimas do regime militar e se dedicou à causa indígena. Essa relação com a marginalidade e investigação é típica da casa 12, onde brilha o Sol, regente da 9 (leis) e Mercúrio (também regente do Meio do Céu). Cabe notar que a 12 é a décima casa derivada do Lote da Fortuna, que está em Aquário.
Outro ponto que se destaca é a Vênus em Libra na casa 11 conjunta ao Lote do Espírito e à Spica, estrela que promete sucesso e honrarias. Do momento em que Eunice se envolveu com o ativismo, ela teve a chance de criar projetos ao lado de grandes figuras (regente do Ascendente em trígono com regente da 11). Com a célebre antropóloga Manuela Carneiro da Cunha, em 1983, publicou o manifesto “Defendam os Pataxós”, um marco na luta indígena do Brasil. Em 1987, fez parte do grupo que fundou o Instituto de Antropologia e Meio Ambiente. Ademais, constantemente presidia eventos relacionados aos Direitos Humanos.
Eunice contou com boa saúde na maior parte da vida (regente da 6 em trígono com o regente da 1), mas viveu seus últimos anos com o mal de Alzheimer. As doenças da mente são especialmente vista na 12, que, como vimos, recebe Escorpião, signo de queda da Lua (astro da memória), que por sua vez encontra-se debilitada em Capricórnio aplicando-se a Marte. Fora isso, Libra, onde está a Vênus, regente da 6, é um dos signos mais comuns ativados em mapas de quem sofre com essa doença.
Embora sua memória “física” tenha se prejudicado pelo Alzheimer, sua memória de vida perdurará sempre na História do Brasil como símbolo de liberdade e justiça.
Guilherme de Carli
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