Com a dependência tecnológica que o mundo alcançou nos últimos anos, as tempestades solares têm sido cada vez mais temidas. Embora o Sol seja monitorado a todo momento, ainda não descobrimos uma maneira de proteger a Terra - e os nossos aparelhos - dos efeitos das rajadas geomagnéticas advindas das explosões solares. A maior referência dos estragos que um fenômeno desse pode causar é, sem dúvidas, o Evento de Carrington, ocorrido entre os dias 1 e 2 de setembro de 1859, impactando sobretudo o Hemisfério Norte e regiões próximas à Linha do Equador. Naquela ocasião, auroras polares foram vistas até no Caribe (!), enquanto sistemas telegráficos inteiros foram queimados, principalmente nos EUA e Europa. Por sorte, era uma época em que o ser humano nem sonhava com a tecnologia da qual nos valemos hoje, de modo que os transtornos, apesar de grandes para o período, não foram catastróficos. Se uma tempestade geomagnética deste calibre (ou maior) acontecesse hoje, provavelmente teríamos um apagão generalizado, deixando-nos sem sinal de satélite, sem eletricidade e, claro, sem internet.
Quando eu li sobre esse evento pela primeira vez, a primeira coisa que me veio à cabeça é que ele teria sido sinalizado por um eclipse. Não só porque eclipses são, por natureza, um “apagão” temporário da luz do Sol ou da Lua, mas porque eles costumam estar por trás de grandes eventos globais. Uma coisa interessante que descobri (ou intuí), é que se um evento de origem externa, seja ele qual for, atinja toda ou a maior parte da Terra (como a queda de um grande meteoro ou, sei lá, uma invasão alienígena), pouco importa por onde a sombra do eclipse passou, o que significa que não há um mapa astrológico convencional com ascendente e casas definidas, bastando observar só o lado celeste (planetas e signos) da coisa.
E não é que aconteceu um eclipse solar parcial pouquíssimos dias antes da explosão? No dia 28 de agosto de 1859, a Lua ofuscou o Sol no signo de Virgem, quando Mercúrio, seu regente, estava retrógrado a cerca de 1º.
Mercúrio é um representante geral de nossas tecnologias, com destaque para as de comunicação (na época, os telégrafos), logo o tema do eclipse foi justamente uma perturbação nos meios de transmissão de mensagens. Por mais que Mercúrio estivesse em tripla dignidade (domicílio, exaltação e termo), a proximidade com a “morte do Sol” não livrou seus significados do mundo da destruição. Isso porque, como é recorrente na tradição, o signo onde acontece um eclipse mostra um período difícil para o que é significado pelo planeta que governa aquele signo.
Ademais, havia uma conjunção de maléficos com o Nodo Sul, reforçando a simbologia de atipicidade e tensão. No dia do Evento de Carrington propriamente dito, Marte e Saturno formavam contra-antíscia e quadratura com a Lua em Escorpião, sua queda.
Após essa análise, você deve se perguntar se é possível prever um novo “Evento de Carrington” na Terra. O que eu posso dizer é que é muito difícil AFIRMAR com todas as letras quando um eclipse pode ou não mostrar um fenômeno dessa natureza, mas podemos presumir. Eu não sou o tipo de astrólogo que fica atirando no escuro e espera, uma hora, acertar o alvo. Desde que terminou a crise da Covid, percebo que muitos já fizeram previsões sobre a vinda de uma segunda pandemia que, graças aos deuses, não se concretizaram, mas depois o povo esquece e aquela tentativa perde o valor. Não que haja algo de errado com o tentar, mas, se é que eu posso dizer algo a partir da minha experiência em astrologia mundana, o máximo que podemos fazer (quando se trata desse tipo de evento), ao invés de afirmar, é SUSPEITAR, porque uma mesma configuração astrológica pode se apresentar de diversas maneiras, orbitando uma essência em comum, obviamente. Assim, eclipses que acontecem em Gêmeos ou Virgem e/ou que se combinam debilitações de Mercúrio e certas combinações de maléficos, PODEM indicar um novo apagão tecnológico, mas também podem mostrar um “simples” blackout nas redes sociais como aconteceu, só por algumas horas, há uns anos atrás quando Mercúrio estava retrógrado, combusto e debilitado em Peixes.
Esse ano, retomamos a temporada de eclipses em Virgem, então, quem sabe?
Guilherme de Carli
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